quinta-feira, 13 de março de 2008

Calem a boca e me aplaudam


O artilheiro da alegria está impossível! Aos 38 anos, Túlio Humberto Pereira da Costa, o Túlio Maravilha, ainda joga o fino da bola. E o melhor: está com a língua mais afiada que nunca, o sujeito parece a madeira de uma boa viola, quanto mais envelhece mais fala bonito!

Todo mundo tá sabendo que o fanfarrão-mor em atividade no país está correndo contra o tempo em busca dos mil gols, e alguém se atreve a duvidar de que ele não vai conseguir? No domingo passado o sujeito meteu quatro contra o Anapolina (em duas partidas a Xata tomou oito gols do Maravilha!) e saiu um tanto decepcionado, explico: era uma homenagem ao dia das mulheres, e como na casa dele são cinco mulheres acabou faltando um golzinho. De qualquer jeito ele não perdeu a oportunidade e o veneno escorreu solto:
“Calem a boca e me aplaudam”. Como sempre o falastrão cala as críticas. O lugar-comum do jornalismo esportivo brasileiro, “ele está velho demais” “está acabado para o futebol”. Pára né, já ouvi absurdos de que Túlio nunca foi bom jogador de futebol, nunca passou de um marketeiro da bola. Quá, quá, quá, ô recalque, ô inveja!
Ontem o cara deixou sua marca de novo, em grande estilo, com um hat trick! Agora são 14 gols em 12 jogos pelo Goianão. Na corrida pelo mil já são 836, faltam 164, bobeira pro artilheiro da galera.
Recentemente quem quis entrar numas com o grande fanfarra foi o babaca-mor do Souza (quem?!). Pois é, perguntaram pro Túlio sobre aquela comemoração do Souza-chororô e, como não poderia deixar de ser, o Maravilha respondeu que não sabia de quem se tratava a figura. Souza respondeu: “Respeito o Túlio, mas ele jogou bola há 10 anos atrás. Hoje quem manda no rio é o Souza do Flamengo”.
Aí veio a resposta do mestre:
“Agradeço ao Souza por ele ter dito que eu joguei bola há 10 anos atrás, mas essa historia de que quem manda no rio hoje é o Souza é meio duvidosa. Se formos olhar os números, eu disputei 6 jogos na libertadores e fiz 4 gols pelo Jorge Wilsterman. Acho que eu tenho mais gols em Libertadores do que Souza em toda sua carreira”.
“Eu espero daqui há 2 anos estar vestindo a camisa do Botafogo no Maracanã e fazendo o gol em cima do Flamengo, quem sabe o Souza não esteja no Resende ou Mesquita para estar bem perto de mais um feito histórico para minha carreira e para o Botafogo”.
Como diria a música do Jackson do Pandeiro: Vou gargalhar... Quá, quá, quá, quá!

segunda-feira, 3 de março de 2008

Futebol na roça


Nesse domingo o Gama foi até Minas Gerais e bateu o Unaí na última partida do primeiro turno. Infelizmente, mais uma vez, eu perdi a oportunidade de conhecer o Urbano Adjunto e pelo andar da carruagem devo ficar mais alguns anos sem conhece-lo. Ora, o time Unaí somou apenas um pontinho em todo o primeiro turno e é franco favorito ao rebaixamento.

Eu não pude acompanhar a partida porque tive um compromisso, tive que tocar na chácara de um amigo meu lá no Lago Oeste. Vou aproveitar a deixa e mudar um pouquinho o rumo da prosa desse blog pra uma outra paixão minha: a pesquisa e o resgate do forró-pé-de-serra. Por forró-pé-de-serra entenda praticamente toda a gama de ritmos tradicionais da cultura nordestina: baiões, xaxados, xotes, xamegos, carimbós, arrasta-pés, cocos, emboladas, frevos, maracatus, martelos, toadas, entre outros (a lista é vastíssima e o trabalho é infinito eu diria).

Toda semana eu me deparo com algo novo e inusitado e tento reproduzir para alimentar o resgate dessa cultura que eu me proponho (não sou o único nessa empreitada, há por aí outros tantos espalhados por esse Brasil, mas dou minha contribuição com muito entusiasmo e alegria).

Dessa vez descobri o tal do Manezinho Araújo, e fique muito intrigado com o fato de nunca ter ouvido falar nesse pernambucano arretado antes, não me canso de me surpreender com a minha ignorância. Ele é o compositor do clássico Dezessete e setecentos gravado por Luiz Gonzaga, entre outros tantos sucessos. Esse cabôco nascido na primeira década do século passado, desde cedo se enveredou na arte das emboladas (gênero comum em Pernambuco, bastante difundido na região litorânea do nordeste marcado por muito improviso tanto nas síncopes quanto nas letras. É comum o duelo de emboladores, lembrando os repentistas, empunhando pandeiros e ganzás e entretendo o povo principalmente nas feiras). O modo como Manezinho Araújo despontou para a fama é bastante pitoresco, quando rebentou a Revolução de 30 ele viajou com o exército para o Rio de Janeiro. Na volta para o Recife, estavam no navio por coincidência Carmem Miranda, Almirante, Josué de Barros e outros artistas. Como não poderia deixar de ser foi organizado um show a bordo e Manezinho Araújo acabou se apresentando depois dos insistentes pedidos dos seus colegas. O resultado foi um sucesso, a rapaziada foi ao delírio com suas emboladas cômicas e satíricas com muito ritmo e fôlego, o cabra acabou recebendo a promessa de ser lançado para o público do país.

Pra variar esse lançamento se deu no Rio de Janeiro, a cidade que recebeu praticamente todos os grandes artistas nordestinos e os lançou para a fama nacional. No meio da década de 50 abandonou a música, desapontado com o estrangeirismo que estava invadindo o cenário musical brasileiro. Montou um restaurante no Rio, o Cabeça Chata, um dos primeiros a divulgar a culinária regional nordestina, senão o primeiro. Depois ainda virou pintor primitivo e continuou divulgando a cultura nordestina. O sujeito não era fraco não!

Segue o link de uma embolada gravada em 1941: Futebol na roça, o maior barato!

http://www.brasilemvinil.com/faixa.asp?id=9030

Pra quem se animar mais a conhecer a história do Manezinho Araújo vale ler o livro “Nova História da Música Popular Brasileira: Manezinho Araújo e os nordestinos”. A figura que ilustra essa postagem é uma gravura do Manezinho que achei por sorte, “Mulher com balões”.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Mas nem a vaga pra Copa do Brasil?!


O campeonato está apenas começando, mas não é cedo demais pra dizer que esse é o pior time do Gama que eu já acompanhei. A partida contra o Esportivo Guará foi de uma qualidade técnica sofrível, duas equipes completamente apáticas que não aparentavam nenhuma vontade de estufar as redes.
Nem tenho muito o que dizer, o placar do jogo diz tudo. Nem sempre um 0 a 0 é sinal de uma partida ruim, infelizmente não foi o caso. O bom foi acordar no domingo de manhã ensolarada, um dia muito bonito mesmo, e ir pro estádio do CAVE. O estádio é bastante simpático, apesar da pouca infra-estrutura, é fácil de achar, com amplo estacionamento e muito arborizado, típico estádio interiorano. Tirando o jogo, foi um bom programa.
Deixando a decepção de lado a parte da tarde até foi bacana pro campeonato. O Brazlândia surpreendeu o Brasiliense na Chapadinha, enquanto o Legião bateu o Ceilândia no Mané Garrincha. Resultado: Legião em primeiríssimo lugar com um ponto a mais que o Jacaré.
Os Legionários já são uma grata surpresa do futebol candango. Certamente é mais um grande time e vai fazer frente ao Gama e Brasilense, eu diria até que o Ceilândia vai ficar pra trás (sem desprezar a tradição do Gato Preto, mas esse modelo de gestão do time laranja não é brincadeira não). Além da disputa pelo título candango, temos a disputa pelas duas vagas na Copa do Brasil e pelas duas vagas na Série C. O Legião tem tudo pra ganhar a vaga da Série C, grandes chances de ganhar a vaga na Copa do Brasil e se tiver fôlego até o final vai brigar com o Brasiliense pelo título do DF.
É mole ou quer mais?! Enquanto isso o Gama numa tentativa de acalmar os torcedores anuncia a volta do atacante Maia, ê lasquêra...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Crônica de um pentacampeonato anunciado

É uma lasquêra: sair de casa num domingo, de céu mais fechado que cara de cabra escabreado, pra assistir mais um ato do Gamão do Povão na tragédia Candangão 2008. E não foi só o sol que não fez questão de assistir o primeiro clássico do campeonato, o pessoal arrumou outra coisa pra fazer mesmo com a promoção lançada pelo Agrício (quem trajasse a camisa do Gama ou de uma organizada pagava 1 real pela geral).

De todo jeito peguei meu radinho, meu guarda-chuva e separei meu fuminho pra enveredar pelos descaminhos do Mané Garrincha. Lá chegando já parti pra procurar meu ponto bom, aquele lugar de onde eu podia extrair o máximo da peleja, no meio o mais alto possível da descoberta. Bem acomodado, acendo o meu fuminho e espero pelo pontapé inicial, de cara penso que vejo um bom augúrio: o infeliz do Donizete, que saiu do gol com meia hora de atraso no primeiro gol do Brazlândia e caiu na bola com igual destreza no segundo, tinha cedido lugar pro Rafael Córdova. André Borges também perdeu a vaga, pro Almir Sergipe, que convenhamos foi muito mais produtivo na primeira partida do que o atacante grandalhão pouco abençoado com a técnica do bom futebol. Estranhei a ausência da torcida do Ceilândia, que sempre costumou marcar presença, mas parece que ela abandonou o time junto com o Serjão. Os guerreiros alviverdes estavam lá, poucos, mas bravos e destemidos.

Começa o jogo e logo o camisa 10 do Gamão dá as caras, Clayson Rato (!) ele mesmo (uh é assim, Clayson Rato e Amorim!) já tenta contra a meta com perigo, o sujeito é rápido e bate bem na bola. O Gato Preto nem via a cor da bola até Dendel marcar o primeiro do Gama, um pombo sem asa no ângulo (incrível como o sujeito faz esse golaço e depois me perde dois estupidamente mais fáceis), mas depois disso os cabra da Ceilândia acordaram: empataram numa bobeada da defesa com um bonito chute do Rodrigo Félix e só não viraram ainda no primeiro tempo graças ao Córdova, se fosse o Donizete...

Intervalo e enquanto o Arruda tá fazendo média com o pessoal lá do outro lado eu procuro um outro lugar pra pousar, imaginando que o Gamão vai pressionar o Ceilândia no segundo tempo. O Gama até começou em cima, com um chute de João Vitor (um lateral-isopor-esquerdo) na única vez que esse cidadão passou do meio-campo, mas depois só deu Ceilândia, ou melhor, só deu Paulista. O cara tanto tentou que marcou, numa cobrança de falta perfeita ele tirou o goleiro do páreo e mandou a bola pro fundo do filó, foi daquelas bolas que quando sai do pé do cabôco você já sabe que o destino tá traçado.

Como se não bastasse a virada dentro de casa aos 36 do segundo tempo, o dilúvio que tava se armando no céu finalmente cai logo depois do gol! Tudo bem, enquanto a esmagadora maioria da torcida corre da chuva em busca de abrigo entoando um monte de palavras bonitas em relação ao Gamão e à existência, eu abro meu guarda-chuva e fico esperando pra ver se daquele mato ainda sai cachorro. E não é que sai, quando eu já começava a tomar meu rumo, aos quarenta e tantos, Leto cobra uma falta lá da lateral direita, a bola passa por todo mundo e vai parar lá dentro, incrível!O jogo tem um final melancólico, mesmo com um gol nosso no finalzinho aquela chuva era um presságio terrível. Mais tarde o Brasiliense confirmava a segunda vitória, se isolava na liderança e somava quatro pontos na frente do Gamão do Povão. É uma lasquêra...